segunda-feira, 25 de maio de 2009

O muro!

Prometi que ia publicar um post sobre a aventura deste fim-de-semana e então cá está ele.
Hoje à luz de 2 dias... tudo parece melhor, apesar das grandes nódoas negras nas costelas e nas pernas(que são dignas de um qualquer episódio de CSI!), a verdade é que ter embatido contra um muro de frente e de termos enviado um carro para a sucata, sem passar sequer na casa da partida, pode ter a vantagem de te fazer passar a vida pelos olhos e de valorizares ainda mais cada minuto dos teus dias!

A história é simples: estrada de sintra, piso molhado, curva apertada e um muro! O resultado é previsível... Aliás o resultado foi, para mim, previsível desde que iniciámos a descida.
Apesar de ser muito céptica em relação a pressentimentos ou presságios, realmente existia algo naquela noite que já não batia certo desde o início... Primeiro o plano quase certo de que iria estar em Negrais com os Guerreiros na Festa da Quinta, coisa que se cancelou à última da hora, depois a imprevisibilidade da companhia que nasce de uma conversa de messenger também de última hora, e ainda as hesitações que tive ao pensar em ir de boleia ou levar o meu carro, a quantidade de vezes que olhei para os documentos e chave do meu carro antes de sair de casa e pensar se os deveria levar ou não... Não levei!
A maior de todas as coincidências foi o texto que tinha lido na net nessa tarde na casa dos papies sobre a nossa consciência de vida/morte.

Aqui está o texto:
A morte é apenas uma consequência da nossa maneira de viver. Vivemos de pensamento em pensamento, de sensação em sensação. Os nossos pensamentos e as nossas sensações não correm tranquilamente como um rio, «ocorrem-nos», caem em nós como pedras. Se te observares bem, sentirás que a alma não é algo que vai mudando de cor em gradações progressivas, mas que os pensamentos saltam dela como algarismos saindo de um buraco negro. Neste momento tens um pensamento ou uma sensação, e no seguinte aparece outro, diferente, como que saído do nada. Se deres atenção, até podes sentir o instante entre dois pensamentos, quando tudo se torna negro. Esse instante, uma vez apreendido, é para nós o mesmo que a morte.
É por isso que temos esse medo ridículo da morte irreversível, porque ela é, em absoluto, o lugar sem marcos, o abismo insondável em que caímos. Na verdade, ela é a negação absoluta daquela maneira de viver.
Mas isto só é assim quando visto da perspectiva desta vida, apenas para aqueles que não aprenderam a sentir-se de outro modo, a não ser de instante em instante.
Chamo a isso o mal saltitante, e o segredo está apenas em superá-lo. Temos de despertar em nós a sensação de que a vida é algo que desliza tranquilamente. No momento em que isso acontecer, estamos tão próximos da morte como da vida.

Robert Musil, in 'O Jovem Torless'


Realmente é como diz o texto... porque nós somos saltitantes, o mal também é saltitante! O que vale é que apesar da intranqulidade de pensamentos dos últimos tempos, do episódio de sábado ficam as nódoas negras, é certo, mas também uma enorme vontade de viver! E se assim quisermos acreditar ... como diz o meu novo amigo: "Não estava escrito, está tudo dito!" ... e ainda bem!

1 comentário:

Unknown disse...

Poix n tava escrito, n estava..
Certo susto, miguinha!
Ufff... ja passou ;)

beijos, beijos e mais beijos!!

(agora é que te vais agarrar aos bancos dos carros e "travar" do lado do pendura como se não houvesse amanha! lol)